Efeito Birigui

Como torcedora do Sport, voltar a escrever no ‘Querido Futebol’ com esse título parece estranho.

Estranho como um ídolo vestindo o padrão do rival.

Como o branco entre o preto e o vermelho no manto.

Ou como a sensação de que os empates nas primeiras rodadas do Pernambucano deste ano foram culpa minha.

O que já resolvi.

Com um porta-retratos de papelão, bregão e improvisado - que só um bilhetinho (atrasado) piegas de amor ou o pagamento improvisado de uma promessa.

Quando Diego Souza veio jogar a série B de 2023, eu fechei a cara. "Não tem necessidade!". Na conta dele estavam alguns ressentimentos antigos meus.

E aí, aquele gol (e comemoração) contra o ABC. De que jeito a cara continua feia?

Em 2024, Lucas Lima, um mauricinho (na conta dele, o restante dos meus velhos ressentimentos), volta! Aconteceu o que já conhecemos. 

"Lucas, se a gente subir, coloco uma foto tua bem no meio daquela prateleira!!!!!!".

Esses são os episódios mais recentes nos quais identifico o "Efeito Birigui".

Que não tem nada a ver com craques usando padrões vizinhos. Ou com a escassez de registros fotográficos disso. 

Mas Birigui é, sim, um grande ídolo da torcida coral.

Depois de 7 temporadas no Santinha (inclusive fechando a barra contra o Leão muitas vezes), Birigui defendeu o Sport no campeonato pernambucano de 1989. Infelizmente o registro em vídeo que encontrei dele no Sport é de uma derrota para o Náutico, que foi o campeão nesse ano.

Tio Roberto, rubro-negro da Ilha do Retiro, sempre entusiasta da transmissão radiofônica, escutava uma das partidas em que Birigui era o goleiro titular. Nas arquibancadas, a torcida rubro-negra (contra o mais óbvio de seu temperamento) gritava: Birigui! Birigui! Birigui!

Aí, titio, imagino a expressão de desprezo, disse a painho: ô povo besta! Tá vendo que eu não faço isso!

Um tempo depois, estavam os dois na Ilha, jogo do Sport contra um adversário que não ficou registrado na memória.

Birigui no gol, mais uma vez. Grandes defesas!

E advinha quem aclamou o goleiro - pulos e sorrisos e abraços.

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Ouvir essa história sempre me deixa feliz.

Painho, com certa frequência, solta um alerta: Cacá..., olha Birigui!

Mas não tem jeito.

É só vestir a camisa certo!

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Foto¹: Birigui, goleiro do Sport, 1989. Recorte de uma colagem publicada no post “As contratações mais improváveis da história do futebol pernambucano”(Blog de Esportes do Diário de Pernambuco), de Cassio Zirpoli.

Foto²: foto de Lucas Lima no meio da prateleira da sala!

Foto³: "'São' Birigui: canonizado na final por suas inacreditáveis defesas contra o Sport" - Revista Placar (12 de setembro de 1986).